Cristal uma cadela da raça Cão de Crista Chinês veio para mim no dia 7 de setembro de 2012. Era muito pequena apesar de já ter 9 meses. Tímida, assustada, fugia de todos e se escondia pela casa. Aos poucos fui conquistando sua confiança, com muito cuidado, mas já com muito carinho e amor.
O tempo foi passando e ela foi se tornando mais confiante e me seguindo para todos os lados onde eu fosse.No entanto ela ignorava o resto da família e os outros animais da casa. A amizade foi se solidificando chegando a ser emocionante a maneira como ela não me perdia de vista. Quando eu saía de casa ela ficava em estado de alerta esperando a minha volta, demorando eu o tempo que fosse.
Houve um tempo em que estive hospitalizada e, durante toda a minha ausência, ela se escondeu debaixo da minha cama, sem sair nem para comer, somente para suas necessidades. Assim cada vez mais nossa amizade foi crescendo e o amor entre nós foi ficando mais forte e sincero.
“Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a
inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa
linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz.
” (Milan Kundera)
Chegou o momento em que achei que ela devia ter a sua própria família. Nasceram cinco filhotinhos lindos que fizeram a minha alegria e ocupavam todos os momentos do meu dia. Cresceram rápido e a cada dia ficavam mais espertos e mais brincalhões e amorosos.
Minha casa virou de pernas para o ar. O gramado nunca mais foi o mesmo. Tudo esburacado. As plantas eram comidas como se fossem maná. Corriam e brincavam o dia todo e só dormiam depois de exaustos, com a barriguinha bem cheia e desde que fosse no meu quarto. Era só alegria .
Enquanto a ninhada crescia, eu andava preocupada com minha mãe que, com quase cento e quatro anos, começou a sofrer do mal de Alzheimer e outras sequelas próprias da idade.
Isso me deixava muito deprimida e triste pois não tinha, na ocasião, com quem dividir a dor e o sofrimento de vê-la se indo de forma tão dolorosa. Eu não mais reconhecia a mulher que ela tinha sido naquela em que aos poucos se transformava.
Foram três anos e a única que estava sempre ao meu lado, mesmo varando as madrugadas em vigília, era a Cristal. Quando eu chorava em prantos ou silenciosamente era ela que vinha ficar comigo e lamber as minhas lágrimas.
Pulava no meu colo e se aconchegava para me dizer: "não chora eu estou aqui, eu te amo."... Os dias foram se passando até que chegou o momento em que minha mãe partiu.
Seguiram-se os dias mais tristes e vazios de toda a minha vida; a Cristal fazia de tudo para chamar a atenção, tentando desviar a minha angústia e me obrigando a ocupar-me dela.
Depois de alguns dias, a família e os conhecidos começaram a me pressionar para que eu desse os filhotes, inclusive a mãe (Cristal) e outros dois que eu já tinha. Foi uma pressão tão grande que fraquejei e consenti na entrega deles para outras pessoas.
Os filhotes foram para uma só família e a Cristal voltou para o canil de onde veio. Os outros dois ficaram em casa. Naquele momento não tive nenhum sentimento pois estava anestesiada por tanta dor com a perda de minha mãe.
Passado alguns dias me dei conta do que fiz e o arrependimento bateu forte e com muita dor. O que mais me preocupava era falta da minha companheira. Vim a saber que ela estava no canil que fica a poucos passos da minha casa.
Soube também que por duas vezes ela teve a oportunidade de fugir e chegou até a minha casa, mas foi resgatada antes que eu desse conta do que estava acontecendo.
Soube também que seria enviada para a Argentina para exposição, o que, na verdade era apenas uma desculpa para encobrir de mim aquilo que verdadeiramente estava acontecendo.
Aquela cadelinha que me havia sido dada três anos antes e que naquele momento de fragilidade e sob muita pressão acabou por ser levada, na realidade, apenas tinha voltado para o canil de origem. Saber que aquele animal que eu tanto amo estava tão próximo de minha casa só fez aumentar a minha dor.
Tentei de várias maneiras fazer a dona do canil entender o quanto era importante para mim ter de novo a cadelinha. Foi em vão. Já se passaram quase três meses e estou perdendo a esperança do retorno da Cristal. Mas, enquanto, tempo eu tiver para viver (pois que já tenho oitenta e um anos), Cristal estará sempre no meu coração e será sempre inesquecível.
É por isso que decidi que a primeira postagem desse blog que hoje inicio, é dedicada à Cristal.
"Cães têm uma forma de encontrar as pessoas que deles necessitam, preenchendo um vazio que nem sequer elas sabiam que têm." (Thom Jones)
Minha casa virou de pernas para o ar. O gramado nunca mais foi o mesmo. Tudo esburacado. As plantas eram comidas como se fossem maná. Corriam e brincavam o dia todo e só dormiam depois de exaustos, com a barriguinha bem cheia e desde que fosse no meu quarto. Era só alegria .
Enquanto a ninhada crescia, eu andava preocupada com minha mãe que, com quase cento e quatro anos, começou a sofrer do mal de Alzheimer e outras sequelas próprias da idade.
Isso me deixava muito deprimida e triste pois não tinha, na ocasião, com quem dividir a dor e o sofrimento de vê-la se indo de forma tão dolorosa. Eu não mais reconhecia a mulher que ela tinha sido naquela em que aos poucos se transformava.
Foram três anos e a única que estava sempre ao meu lado, mesmo varando as madrugadas em vigília, era a Cristal. Quando eu chorava em prantos ou silenciosamente era ela que vinha ficar comigo e lamber as minhas lágrimas.
Pulava no meu colo e se aconchegava para me dizer: "não chora eu estou aqui, eu te amo."... Os dias foram se passando até que chegou o momento em que minha mãe partiu.
Seguiram-se os dias mais tristes e vazios de toda a minha vida; a Cristal fazia de tudo para chamar a atenção, tentando desviar a minha angústia e me obrigando a ocupar-me dela.
Depois de alguns dias, a família e os conhecidos começaram a me pressionar para que eu desse os filhotes, inclusive a mãe (Cristal) e outros dois que eu já tinha. Foi uma pressão tão grande que fraquejei e consenti na entrega deles para outras pessoas.
Os filhotes foram para uma só família e a Cristal voltou para o canil de onde veio. Os outros dois ficaram em casa. Naquele momento não tive nenhum sentimento pois estava anestesiada por tanta dor com a perda de minha mãe.
Passado alguns dias me dei conta do que fiz e o arrependimento bateu forte e com muita dor. O que mais me preocupava era falta da minha companheira. Vim a saber que ela estava no canil que fica a poucos passos da minha casa.
Soube também que por duas vezes ela teve a oportunidade de fugir e chegou até a minha casa, mas foi resgatada antes que eu desse conta do que estava acontecendo.
Soube também que seria enviada para a Argentina para exposição, o que, na verdade era apenas uma desculpa para encobrir de mim aquilo que verdadeiramente estava acontecendo.
Aquela cadelinha que me havia sido dada três anos antes e que naquele momento de fragilidade e sob muita pressão acabou por ser levada, na realidade, apenas tinha voltado para o canil de origem. Saber que aquele animal que eu tanto amo estava tão próximo de minha casa só fez aumentar a minha dor.
Tentei de várias maneiras fazer a dona do canil entender o quanto era importante para mim ter de novo a cadelinha. Foi em vão. Já se passaram quase três meses e estou perdendo a esperança do retorno da Cristal. Mas, enquanto, tempo eu tiver para viver (pois que já tenho oitenta e um anos), Cristal estará sempre no meu coração e será sempre inesquecível.
É por isso que decidi que a primeira postagem desse blog que hoje inicio, é dedicada à Cristal.
"Cães têm uma forma de encontrar as pessoas que deles necessitam, preenchendo um vazio que nem sequer elas sabiam que têm." (Thom Jones)
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