Confira 10 questões sobre o melhor amigo do
homem
Os cães enxergam cores?
Já se pensou que os
cachorros enxergassem apenas em preto e branco. Porém, hoje se sabe que a
maioria dos animais domésticos enxerga cores, só que não exatamente como nós.
"Comparando com seres humanos, os cães possuem apenas 10% de cones, que
são as células presentes na retina, responsáveis pela formação das cores",
explica a oftalmologista veterinária Fabiana Quartiero, que mantém o site
Oftalmologia Animal.
Os humanos costumam
apresentar três tipos de cones: vermelho, verde e azul. Já os cachorros possuem
apenas dois: um semelhante à cor violeta, que corresponde ao cone azul dos
humanos, e outro semelhante ao tom amarelo esverdeado, relacionado ao cone
vermelho. Por não apresentarem cones verdes, os cães podem confundir cores
vermelhas e verdes. Assim, na presença de vermelho, verde, amarelo e laranja, o
animal enxerga sempre amarelo-esverdeado.
Por que cães comem grama quando se sentem mal?
Apesar de parecer
estranho, comer grama faz parte da natureza do cachorro. Porém, isso realmente
só ocorre quando eles se sentem mal. Rubens Carneiro, professor de veterinária
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que o intestino canino
não digere celulose, presente na grama. Assim como para os seres humanos, a
ingestão de fibras ajuda na melhora do movimento intestinal, o que facilita a
evacuação.
Mitika Hagiwara,
professora colaboradora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de
Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), afirma que, por não digerir a
celulose, a grama causa uma irritação gástrica. O cão procura ingeri-la quando
sente uma indisposição. “Assim, ele consegue induzir o vômito”, completa. Na
falta de grama, o cachorro leva mais tempo, porém ainda assim consegue vomitar.
Quais são as melhores atitudes em caso de um
ataque de cão?
Para não ser atacado,
o ideal é ficar em "posição de árvore", como explica a veterinária
Ceres Faraco, doutora em psicologia. A especialista conta que a pessoa deve
ficar totalmente imóvel, com as pernas fechadas. Os braços precisam estar para cima,
evitando que o cão possa mordê-los. Também é altamente recomendado que se olhe
para o alto, evitando contato visual com o animal. "Ao se encarar o
cachorro, este pode interpretar o olhar como um desafio", afirma.
Claro que, para evitar
o instinto de correr, é preciso ter sangue frio. Especialmente porque a posição
de árvore só faz sentido se o cão tiver o que Ceres chama de
"comportamento estável". “Esse movimento de caça é normal, mas alguns
cães são imprevisíveis, por problemas de origem psicológica", pondera.
Ceres destaca que isso não tem relação com as raças caninas. Existem, por
exemplo, pit bulls mansos e labradores violentos.
Por que os cães enterram a comida?
Assim como os seres
humanos colocam as sobras do almoço na geladeira, os cães guardam embaixo da
terra o seu alimento. É um instinto primitivo, de proteger a posse.
"Depois que já comeu e está satisfeito, o cão enterra pedaços de carne ou
de osso para comer mais adiante", afirma o professor de veterinária da
UFMG, Rubens Carneiro.
O cachorro não enterra
a comida sempre no mesmo lugar, mas memoriza o local ou a encontra pelo olfato.
Apesar de essa ser uma prática comum entre os cães, é possível que eles
adquiram uma doença bastante séria. Chamada de botulismo, é causada por uma
bactéria presente na terra, que se incorpora na comida. A toxina provoca
paralisia muscular e pode levar à morte. Por incrível que pareça, a toxina
botulínica é a mesma substância utilizada nos tratamentos de botox, só que em
menores quantidades.
Por que os cães ficam tanto tempo com a língua
de fora?
É comum se dizer que o
cão sua pela língua, mas isso não é verdade. Enquanto o ser humano tem
glândulas para a transpiração por todo o corpo, no cachorro elas se localizam
apenas nas patas. Para regular a temperatura interna, o animal fica de boca
aberta. "Assim, o ar quente sai. É como a ventoinha de um carro",
compara o professor Rubens Carneiro.
A professora
colaboradora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Veterinária da
Universidade de São Paulo (USP), Mitika Hagiwara, explica que, para dissipar o
calor, os cachorros costumam respirar rapidamente pela boca. Já o focinho é por
onde ele respira normalmente, quando o cão está mais tranquilo, sem necessidade
de dissipar o calor.
Como surgiram as raças de cães?
Todos os cães surgiram
de um canino primitivo, parecido com o lobo. Fernando Bretas, professor de
cinotecnia na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), conta que não se sabe se o homem domesticou esses animais ou se eles se
aproximaram do homem para conseguir restos de alimento. Porém, se sabe que foi
o homem quem deu um "empurrão" ao longo dos séculos para a formação
das raças, sempre buscando uma finalidade específica, como caça e pastoreio. A
seleção às vezes veio por causa de um defeito genético, como no caso do Basset
Hound, que é uma versão de patas curtas do blood hound.
Na Roma Antiga, por
exemplo, o rottweiler já fazia companhia aos romanos como um bom cão de guarda.
Já entre os séculos 17 e 19, os cachorros do grupo de raças terrier foram muito
utilizados na Inglaterra para combater uma abundância de ratos que havia tomado
conta do país, já que são altamente desenvolvidos para caçar ratazanas.
Existem cães homossexuais?
Essa pergunta é
difícil de responder, de acordo com a veterinária Ceres Faraco, doutora em
psicologia, mas ela diz que é possível encontrar tendências homossexuais em
alguns cães. "Existem animais que são sexualmente passivos, que podem
permitir a cobertura", explica. Isso não significa que eles permitam o ato
sexual completo. O mais comum, entre animais do mesmo sexo, é a masturbação, em
que um cão faz movimentos pélvicos sobre o outro.
Entretanto, Ceres
conta que é difícil comparar o comportamento dos cães com o dos seres humanos.
"A conotação de relação homoafetiva não existe entre os cachorros, porque
eles não têm parceiros fixos", diz.
Por que os cães correm atrás de carros?
Essa prática tão comum
entre os cachorros vem de um resquício do instinto predador. O movimento de
carro ou de motocicleta aciona esse instinto, e o animal tem a tendência de
persegui-lo e até morder os pneus.
Correr atrás de carros
também pode ser apenas uma brincadeira para o animal. "O cão é uma das
espécies que conserva o espírito lúdico mesmo quando adulto", explica
Ceres Faraco, veterinária e doutora em psicologia. A evolução canina manteve o
brinquedo, por isso o cachorro se diverte correndo ou buscando uma bola.
Vira-latas são mais resistentes a doenças e
vivem mais que cães de raça?
Não necessariamente.
Não são os vira-latas que têm mais resistência e sim, os animais de rua.
"Porque eles têm mais contatos com agentes infecciosos, e os que conseguem
sobreviver, tornam-se mais resistentes", explica Mitika Hagiwara,
professora colaboradora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de
Veterinária da USP.
Na verdade, por vir de
mais de uma raça, o vira-lata pode ter até mais problemas de saúde. O professor
de veterinária da UFMG, Rubens Carneiro, conta que cada raça tem as suas
debilidades específicas. "O boxer costuma ter problemas cardíacos; o
pincher, de articulação, o poodle, de pele, e o schnauzer, de rins",
exemplifica.
Qual é o sentido mais apurado dos cães?
Provavelmente é o
olfato. Enquanto as células olfativas do homem chegam a 5 milhões, as do cão
atingem 220 milhões. Assim, um cachorro consegue sentir um cheiro a mais de 1
km de distância, o que ajuda, por exemplo, a encontrar fêmeas no cio. A audição
canina também é bastante apurada, conseguindo escutar até infrassom e
ultrassom.
Em ambientes com pouca
luz, os cachorros podem ver melhor que os humanos. A oftalmologista veterinária
Fabiana Quartiero explica que esses animais possuem mais bastonetes (células
especializadas presentes na retina que são responsáveis pela visão noturna) do
que cones (célula responsável pela formação das cores).
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