A neurologia veterinária é o ramo da Medicina Veterinária que diagnostica e trata doenças do sistema nervoso central e periférico.
Os cães e gatos podem ser afetados por diversas doenças neurológicas com causas variadas como doenças infecciosas, doenças traumáticas, doenças degenerativas, doenças hereditárias, doenças vasculares e intoxicações.
Sintomas comuns de doenças neurológicas em cães e gatos (doença no cérebro e nervos cranianos):
confusão mental: não reconhece o dono de imediato, fica parado contra a parede ou objetos, sem tentar desviar, não localiza a comida, não localiza chamados, apresenta um olhar confuso ou ausente;
cegueira: animal se choca contra objetos ou móveis da residência;
andar cambaleante: anda sem equilíbrio, cai facilmente para os lados ou para trás;
andar em círculos: tendência a girar ou andar girando para um mesmo lado;
andar compulsivo: animal anda sem parar por horas seguidas;
movimentos horizontais dos olhos, sem parar (nistagmo);
pálpebra, lábio e orelha de um mesmo lado caídos;
desvio lateral da cabeça ("torcicolo" ou "head-tilt");
dificuldade de engolir alimentos (deglutição);
convulsões: contração de um ou mais membros, seguida ou não de contração do corpo inteiro, queda para a lateral, movimentos de pedalar, mastigar e piscar os olhos, acompanhado ou não de urina ou defecação, com duração de 1 ou mais minutos.
Sintomas comuns de doenças do sistema nervoso (doença na medula espinhal e nervos periféricos):
tremor de uma ou mais patas ao se levantar ou permanecer em pé;
dificuldade em subir escadas ou subir em sofás, no carro, etc;
dificuldade em se levantar e/ou com as patas traseiras;
dificuldade em se levantar e/ou com as quatro patas;
impossibilidade de andar com patas traseiras ou quatro patas (paralisias);
arrastar um membro (pata) ao andar ou se levantar;
gritos, ganidos e enrijecimento da coluna do pescoço (cervical);
dificuldade para abaixar a cabeça para se alimentar ou beber água e dificuldade para realizar movimentos laterais do pescoço;
posição encurvada da coluna (posição sifótica);
diminuição da musculatura de alguma região corporal (atrofia).
Doenças neurológicas mais comuns em cães:
Epilepsia: caracterizada por convulsões recorrentes , que podem ser de origem hereditária ou adquirida (após acidentes ou doenças);
Discopatias: doenças do disco interverterbral, como herniação (hérnia) ou extrusão de um ou mais discos intervertebrais (DIV). Podem acometer qualquer raça ou idade, porém são mais comuns em cães de meia idade ou idosos (a partir dos 5 anos) e em cães da raça dachshund, de qualquer idade;
Espondilose ("bico de papagaio"): atinge cães idosos com ou sem raça definida, sendo muito comum em pastores alemães e poodles;
Acidente vascular central (AVC ou "derrame"): ocorre em cães geralmente mais idosos, podendo acometer mais os cães com histórico de hipertensão arterial;
Cinomose: doença viral que acomete cães não vacinados de qualquer raça ou idade. Atinge o sistema nervoso central e/ou periférico, depenedendo do grau de virulência e da defesa do animal.
Pode provocar sequelas permanentes como contrações periódicas de um grupo muscular ('tique nervoso"), paralisia, convulsões e desvio lateral da cabeça ("torcicolo"). Pode levar o aniaml afetado ao óbito, com duração variável da doença, entre 1 semana até vários meses;
A vacinação quando filhote e a vacinação anual é a medida preventiva mais eficaz contra esta e outras doenças, por isso, muito importante para os cães;
Intoxicações: as intoxicações mais comuns em cães e gatos que apresentam manifestações neurológicas, são causadas por ingestão ou contato com inseticidas/pesticidas e por ingestão de "chumbinho", veneno utilizado contra ratos e de venda proibida no Brasil.
Há tremores musculares generalizados, acompanhados ou não de vomito e diarreia agudos, e convulsões. O atendimento é emergencial, podendo haver reversão do quadro ou óbito do paciente, dependendo da dose ingerida, tamanho do animal e tempo decorrente entre a ingestão do produto e o atendimento.
As doenças neurológicas em gatos:
Epilepsia: caracterizada por convulsões recorrentes, pode ser de origem hereditária ou adquirida (após viroses como leucemia felina ou traumas crânio-encefálicos);
Traumas em medula espinal, como atroplemanetos, quedas, etc: acometem gatos de qualquer idade, tamanho ou raça e podem resultar em dificuldade temporária ou permanente em andar com um ou mais membros (paresia ou paralisia);
A rapidez no diagnóstico e na instituição do tratamento podem ser decidivos na recuperação do animal;
Trauma crânio-encefálico: geralmente associado a situações de múltiplos traumas, como atropelamentos, quedas ou ataques de cães. Os sintomas podem variar de acordo com a extensão da lesão, prevalecendo confusão mental, cegueira, coma ou estupor (falta parcial ou total de reação a estímulos), convulsões, alterações na marcha;
Intoxicações: os gatos são animais muito sensíveis a diversas substâncias que, em outras espécies, não apresentariam efeito tóxico. Inseticidas, pesticidas, diversos medicamentos de uso humano e mesmo veterinário são contra-indicados para os gatos.
Outra intoxicação muito comum é causada por ingestão de "chumbinho", veneno utilizado contra ratos e de venda proibida no Brasil. Os sintomas são variados, sendo os mais comuns salivação intensa, dilatação da pupilas, tremores musculares, convulsões e diarréia. O animal deve ser rapidamente conduzido para atendimento veterinário.
Diagnóstico
Após exame clínico e avaliação neurológica detalhada, a execução de alguns exames auxiliares pode ajudar na obtenção do diagnóstico definitivo.
Os exames auxiliares mais utilizados são:
exames hematológicos: hemograma, bioquímica sanguínea e hemocultura;
exames sorológicos;
exames de DNA;
exames de imagem: radiografia simples, radiografia contrastada, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Tratamento neurológico para cães e gatos
Nos últimos anos, houve um grande evolução no tratamento de doenças do sistema nervoso de cães e gatos. Além de medicações específicas, surgiram recursos como fisioterapia, acupuntura, homeopatia e cirurgias de coluna.
A evolução de cada caso é individual e pode ser mais prolongada, se comparada a doenças em outras partes do corpo.
A consulta neurológica inicial e periódica do animal é muito importante para escolher, avaliar e/ou modificar o tratamento e para avaliar a evolução do paciente.
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