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CACHORRO É MELHOR QUE GENTE

Este blog é para aquelas pessoas que como eu são apaixonadas por cachorros e conhecem o amor e lealdade incondicionais desses animais.

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quarta-feira, 29 de março de 2017

Hiperadrenocorticismo Canino (Doença de Cushing)



Autoria do texto original médica-veterinária Karen Becker

Tradução para o português: médica-veterinária Sylvia Angélico

Atenção: este é um texto meramente informativo, para que você entenda melhor o que é a Doença de Cushing (ou hiperadrenocorticismo) nos cães. O que fiz foi traduzir um artigo em inglês escrito pela veterinária norte-americana Karen Becker (que atende nos Estados Unidos, não no Brasil).

Sou nutróloga, não endocrinologista. Se seu cão foi diagnosticado com a Doença de Cushing ou você desconfia que ele sofre dessa doença, consulte um veterinário com especialização em endocrinologia ou um clínico-geral experiente no assunto.

Se tiver interesse em oferecer uma dieta caseira natural específica para auxiliar no quadro, entre em contato comigo por email. Minha dieta funcionará como uma bem-vinda contribuição, mas não dispensará a necessidade de medicação específica e o acompanhamento com um veterinário endocrinologista.

“A Doença de Cushing foi originalmente diagnosticada em um paciente humano em 1932, pelo Dr. Harvey Cushing. Na verdade eu prefiro o termo médico para a desordem: hiperadrenocorticismo. É um nome complicado, mas descreve melhor a condição.

“Hiper” significa “em excesso”, “adreno” se refere às glândulas adrenais, e “corticismo” quer dizer que a síndrome envolve o hormônio cortisol. Hiperadrenocorticismo, traduzido ao pé da letra significa “cortisol em excesso sendo liberado pelas glândulas adrenais”.

A Doença de Cushing é raramente observada em gatos. Essa condição é mais freqüentemente vista em cães.

O Teckel é uma das raças comumente acometidas

Cortisol: o hormônio do mecanismo de luta-ou-fuga

O cortisol desempenha uma função muito importante no corpo – é o hormônio do mecanismo de “luta-ou-fuga”. Foi produzido para ser liberado pelas glândulas adrenais de forma intermitente e em pequenas quantidades, quando o organismo do seu cão percebe o estresse.

Quando, por um motivo qualquer, o corpo aumenta sua demanda por cortisol, as glândulas adrenais começam a produzir o hormônio em grandes volumes, causando toxicidade no organismo do animal.

A liberação do cortisol pelas glândulas adrenais provoca a liberação de glicose pelo fígado. A glicose – que é açúcar – fornece energia às células dos músculos que o pet vai usar para lutar-ou-fugir – exemplo: quando um cão de repente escapa de um urso – ou quando um gato de rua precisa enfrentar o novo gato macho que invadiu seu território.

A liberação de cortisol, contudo, não se limita a provocar a liberação de glicose e energia para os músculos. Esse poderoso hormônio tem impacto em inúmeras funções importantes do organismo do seu pet, incluindo:

Pressão arterial
Equilíbrio de eletrólitos (sais minerais)
Função imune
Metabolismo ósseo e gorduroso
O excesso de cortisol faz mal

Seu pet precisa de cortisol em pequenas quantidades, mas quando as glândulas adrenais secretam esse hormônio em excesso, a situação pode se tornar tóxica. Se seu cão passar por sintomas de estresse crônico, suas glândulas adrenais irão liberar muito cortisol em resposta a esse estresse.

É importante compreender que o organismo do seu animal não diferencia estresse bom de estresse ruim – para ele, é tudo estresse. Seu cão terá a mesma reação fisiológica a um coelho que surge inesperadamente no jardim que ele terá ao tomar banho no pet shop. O corpo dele interpreta a excitação de ir ao parque e lidar com um tumor maligno da mesma forma.

Os perigos do cortisol em excesso

O estresse crônico leva à secreção crônica de cortisol em excesso, o que pode resultar em uma infinidade de sérios problemas de saúde, incluindo:

Hiperglicemia, o que pode levar ao diabetes
Hipertensão, que pode resultar em doença cardiovascular
Fome extrema por queimar toda a glicose que sobra
Adelgaçamento (afinamento) da pele e má condição de pelagem
Redução da massa muscular e óssea
Aumento do risco de infecção

Animais que freqüentemente estão secretando em excesso o cortisol podem ser considerados imunossuprimidos. Podem desenvolver infecções em qualquer parte do corpo – onde quer que haja um elo fraco. Infecções gengivais, olhos, ouvidos, pele e o trato urinário são comuns.

Se seu cão tem infecções recorrentes ou uma infecção da qual ele parece não conseguir se livrar, é possível que excesso de cortisol seja o culpado.

Tipos de Doença de Cushing

Existem várias formas de hiperadrenocorticismo e pode ser confuso ter cada uma delas em mente. Farei o meu melhor para explicar de uma maneira que torne mais fácil a compreensão delas.

Se você tem um animal diagnosticado com hiperadrenocorticismo, é importante para o bem dele que você saiba exatamente o que está acontecendo. Se seu animal é saudável, quero te ajudar a mantê-lo assim.

As glândulas adrenais são duas glândulas gêmeas cobertas por gordura e localizadas à frente de cada rim do seu pet. Elas são compostas por três camadas:

1. Zona glomerulosa, a camada mais externa e superficial
2. Zona fasciculata, a camada intermediária
3. Zona reticularis, a camada mais profunda

O tipo de hiperadrenocorticismo que seu pet desenvolve depende de qual camada da adrenal estiver secretando hormônios em excesso.

A camada do meio da glândula adrenal – a zona fasciculata – pode produzir glicocorticóides em excesso e levar ao que é tradicionalmente conhecido como “Doença de Cushing típica”.

Glicocorticóides também são conhecidos como esteróides, cortisol, cortisona ou prednisona – essas duas últimas são as versões sintéticas desses hormônios, que os veterinários prescrevem.

Não é incomum o veterinário sem querer induzir a Doença de Cushing típica ao prescrever altas doses de prednisona (corticóide) oral – ou um curso de terapia com corticóides que seja muito longo. Se seu animal recebeu prednisona por longo período, ele é predisposto a desenvolver a Doença de Cushing.

Enquanto a típica Doença de Cushing envolve a secreção de cortisol em excesso, o hiperadrenocorticismo “atípico” pode ocorrer quando a camada externa da adrenal – a zona glomerulosa – produz em excesso o hormônio aldosterona.

A aldosterona é responsável pelo equilíbrio dos sais minerais no corpo do animal. A Doença de Cushing atípica também pode ocorrer se a camada mais interna – a zona reticularis – começar a superproduzir hormônios sexuais, como precursores do estrógeno, progesterona ou testosterona.

Um olhar mais atento à Doença de Cushing ‘típica’

Já se confundiu com o hiperadrenocorticismo típico e atípico? A forma tradicional da doença, que envolve a produção excessiva de cortisol, tem dois tipos:

1. Doença de Cushing típica dependente da glândula adrenal
2. Doença de Cushing típica dependente da glândula hipófise

De longe, a forma mais comum de hiperadrenocorticismo em pets é a típica dependente da glândula hipófise. Cerca de 85% dos cães que apresentam Doença de Cushing desenvolvem a forma dependente da hipófise, na qual a glândula hipófise – a “glândula mestre” no cérebro – envia um excesso de hormônio estimulante às adrenais. As adrenais respondem secretando uma quantidade excessiva de cortisol.

Nos demais 15% dos casos dependentes da adrenal, um tumor se desenvolve em uma das glândulas adrenais e deflagra uma superprodução de cortisol no corpo do animal.

Cão com hiperadrenocorticismo avançado: pelagem rala, pele fininha, barrigudinho.

Quais pets são mais predispostos a desenvolverem hiperadrenocorticismo?

Conforme mencionei antes, é muito raro os gatos desenvolverem a Doença de Cushing. Na população canina, há certas raças geneticamente predispostas a essa doença, incluindo:

Terriers (Yorkshires, Silkies, Bull Terriers e Boston Terriers)
Poodles
Dachshunds
American Eskimo Dogs/Spitz
Sintomas do hiperadrenocorticismo

O cortisol é um hormônio diverso, o que quer dizer que em quantidades excessivas ele cria toda uma variedade de sintomas diferentes. A maioria dos cães apresenta alguns desses sintomas, mas não todos a não ser que a doença esteja muito avançada no momento do diagnóstico.

Os sintomas mais comumente observados em cães com a doença no início, incluem:

Sede e micção aumentadas (que pode levar ao sintoma de incontinência urinária)
Aumento da respiração rápida (resfolegar)
Ganho de peso na área abdominal, apesar da redução nas calorias da dieta
Pele mais fininha (adelgaçamento) e mudança na pigmentação da pele, de rosada à cinzenta ou mesmo escurecida; presença de equimoses (“hematomas”)
Perda de pelos
Irritabilidade ou agitação

Muito menos comuns são sintomas de fraqueza nos membros traseiros e formação de coágulos no sangue. A síndrome de Cushing é assim tão diversa em sua sintomatologia porque cada centímetro do corpo do seu animal apresenta receptores para o cortisol.

Por conta disso, frequentemente é o aspecto imunossupressor da doença que motiva a primeira consulta ao veterinário.

Se, por exemplo, seu pet sofre de infecções recorrentes do trato urinário ou qualquer infecção da qual ele não consegue se livrar, juntamente com um ou dois outros sintomas – talvez o afinamento da pele ou o aparecimento de uma barriguinha pendular, você deve perguntar ao veterinário sobre a possibilidade de a causa desses sintomas ser o hiperadrenocorticismo.

Em meu consultório, a maioria dos cães com Doença de Cushing é enviada a outro profissional após o diagnóstico incorreto de doença hepática. O fígado do animal que sofre de hiperadrenocorticismo fica sobrecarregado pela tentativa de processar o cortisol excessivo na circulação sanguínea.

Isso causa uma elevação das enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA).

Não é incomum o veterinário parar de pesquisar ao ver as enzimas hepáticas elevadas e diagnosticar o problema como sendo uma doença hepática quando na verdade se trata de hiperadrenocorticismo.

Diagnosticando a Doença de Cushing

Sugiro que você guarde com você cópias dos exames de sangue solicitados pelo veterinário. Muitos tutores de cães que receberam a indicação de virem ao meu hospital Natural Pet são surpresos ao descobrir que as enzimas hepáticas de seu pet estiveram elevadas há 2 ou 3 anos seguidos. Eles querem saber por que seu veterinário anterior não mencionou nada.

Infelizmente, muitos veterinários reativos não investigam a possibilidade de hiperadrenocorticismo até que diversos sintomas estejam presentes ou que um cliente entre se queixando que o cachorro de repente passou a fazer xixi pela casa ou está apresentando intensa queda de pelos.

A melhor e mais proativa abordagem consiste de tentar prevenir a doença. É por isso que você deve manter cópias dos resultados dos exames de sangue do seu animal e é por esse motivo que cada parâmetro que estiver fora dos valores normais de referência deve ser investigado.

Seu veterinário deve formar com você uma parceria para identificar se seu cão corre risco de desenvolver sintomas de Doença de Cushing ou se já é portador da doença.

Se a fosfatase alcalina de seu pet está elevada, pergunte ao veterinário se poderia ser o início do hiperadrenocorticismo.

O diagnóstico da doença pode ser difícil de obter. É realizado tipicamente por exames de sangue como o “teste da estimulação com ACTH” e o teste de supressão com uma dosagem baixa de dexametasona.

Ambos os testes requerem pelo menos duas coletas de sangue para comparar os níveis de cortisol no corpo do seu cão para o diagnóstico definitivo da Doença de Cushing.

Quando o hiperadrenocorticismo for confirmado, seu veterinário irá querer determinar se é de dependente da glândula adrenal ou da hipófise.

Na minha opinião, a melhor maneira de descartar um tumor na glândula adrenal é por meio de uma ultrassonografia abdominal. Alguns veterinários preferem solicitar um terceiro exame de sangue chamado teste da supressão com uma dosagem elevada de dexametasona para determinar se a fonte da produção de cortisol é adrenal ou dependente da hipófise.

Qualquer que seja o método empregado, é importante não apenas estabelecer um diagnóstico definitivo da Doença de Cushing, mas também determinar se a forma da doença é adrenal ou hipofisária.

Essa informação irá ajudar você e seu veterinário a determinar as melhores opções de tratamento disponíveis para seu pet doente.

Cuidado: a longo prazo, corticóide prescrito contra coceiras pode causar hiperadrenocorticismo

Uma alternativa ao exame diagnóstico mais caro para descartar Doença de Cushing

Se seu pet tem sintomas da doença, mas você não pode pagar os exames caros requeridos para um diagnóstico definitivo, você pode pedir ao seu veterinário que solicite um exame urinário chamado exame da relação cortisol urinário:creatinina urinária.

Esse exame precisa ser realizado usando a primeira urina da manhã. Os resultados irão ajudar seu veterinário a determinar se seu cão está excretando uma quantidade anormalmente elevada de cortisol na urina.

Os níveis de cortisol circulantes em cães saudáveis são bem baixos, então se há um volume mensurável de cortisol na urina do seu peludo, é um indicativo confiável de que a Doença de Cushing pode estar presente e nesse caso é indicado que mais exames sejam realizados.

O exame da relação de cortisol urinário:creatinina urinária é um meio menos dispendioso de se descartar a doença. Se os níveis de cortisol urinário do seu cão estiverem dentro dos parâmetros de normalidade, é mais provável que ele não tenha a forma típica da doença.

Outra pista importante pode ser fornecida por um exame de sangue chamado teste da Fosfatase Alcalina Induzida por Glicocorticóides. Muitos cães com doença adrenal apresentam valores de fosfatase alcalina elevada.

A fosfatase alcalina pode estar elevada por uma variedade de disfunções corpóreas incluindo doenças óssea, hepática, adrenal e da vesícula biliar.

Esse exame pode determinar qual porcentagem do aumento da fosfatase alcalina pode estar sendo causada especificamente por disfunção das glândulas adrenais.

O teste da Fosfatase Alcalina Induzida por Glicocorticóides é um exame simples e eficiente que determina se o animal está caminhando em direção ao hiperadrenocorticismo. Quando tenho pacientes com fosfatase alcalina elevada em exames laboratoriais de rotina e que também estão apresentando sintomas da Doença de Cushing, emprego esse teste simples para determinar se é indicado solicitar outros exames.

Infelizmente, na maioria dos casos, a doença é diagnosticada apenas após o desenvolvimento total da doença e aí não há retorno.

Uma vez que o cão foi diagnosticado com Doença de Cushing já bem estabelecida, ele irá conviver com essa condição para o resto de sua vida. É uma doença horrível, que pode ser controlada em muitos casos, mas jamais curada.

Detectando sintomas precocemente – tire vantagem da “zona cinzenta”

Identificar a síndrome pré-Doença de Cushing o mais cedo possível e reduzir o risco do seu pet adquirir a doença em sua forma total é a abordagem que recomendo. Os cães não acordam simplesmente e estão com a Doença de Cushing. A doença se desenvolve com o tempo.

Muitos veterinários alopatas (adeptos da linha convencional) se recusam a reconhecer o princípio da disfunção adrenal porque não sabem o que fazer com isso até o paciente receber o diagnóstico da doença já estabelecida com o exame de estimulação do ACTH. O problema dessa abordagem é que leva meses e às vezes até anos para o animal ser oficialmente diagnosticado com a Doença de Cushing.

Muitas doenças degenerativas não são claras – “tem Cushing” ou “não tem Cushing”. A saúde da maioria dos pets com sintomas adrenais e anormalidades discretas em exames diagnósticos não é preta ou branca – habita a “zona cinzenta”.

Cães que irão brevemente desenvolver a doença, mas ainda não têm hiperadrenocorticismo estão nessa área cinzenta.

Considero que um cão tem a síndrome pré-Cushing quando ele exibe sintomas da doença, mas conseguiu passar no teste da estimulação com ACTH. O que mais vemos nessa fase são discretas alterações no exame de sangue, o exame da relação cortisol:creatinina urinários tem resultado limítrofe ou elevado e os altos níveis da enzima fosfatase alcalina são induzidos por glicocorticóides (por meio do exame homônimo).

Se seu cão tem sintomas de hiperadrenocorticismo, é fundamental encontrar um veterinário adepto das terapias integradas, uma vez que isso pode fazer a diferença entre resolver o problema antes que ele se instale ou controlar a doença do pet para o resto da vida dele.

Seja proativo, submeta anualmente seu animal ao exame anual de mensuração dos níveis de fosfatase alcalina. Peça ao seu veterinário que determine um valor-base e, em caso de elevação desse padrão, solicite um dos outros exames (cortisol urinário ou teste da fosfatase alcalina induzida por glicocorticóides) para investigar se o organismo do seu cão está secretando cortisol em excesso.

Ter todas essas informações irá ajudá-lo a lidar melhor com uma situação pré-Cushing e evitar que ela progrida para a doença em si, em sua forma irreversível. Não ignore os sintomas.


Se seu peludo apresenta sintomas consistentes com o hiperadrenocorticismo, não importa o quão discretos, sempre vale a pena investigá-los. ”

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