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Este blog é para aquelas pessoas que como eu são apaixonadas por cachorros e conhecem o amor e lealdade incondicionais desses animais.

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domingo, 12 de junho de 2016

Homossexualidade no reino animal



O comportamento homossexual em animais refere-se à evidência documentada de comportamento homossexual e bissexual em várias espécies não-humanas. Tais comportamentos incluem sexo, namoro, afeição e parentalidade entre animais do mesmo sexo.

Uma pesquisa de 1999, feita pelo pesquisador Bruce Bagemihl, mostra que o comportamento homossexual já foi observado em cerca de 1.500 espécies animais, variando de primatas a vermes intestinais, e é bem documentado em 500 delas.

O comportamento animal sexual toma muitas formas diferentes, mesmo dentro da mesma espécie. As motivações e implicações de tais comportamentos têm ainda de ser totalmente compreendidas, uma vez que a maioria das espécies ainda não foram totalmente estudadas.

De acordo com Bagemihl, "o reino animal faz isso com muito maior diversidade sexual - inclusive homossexual, bissexual e sexo não-reprodutivo - do que a comunidade científica e a sociedade em geral estão previamente dispostas a aceitar."

A pesquisa atual indica que várias formas de comportamento sexual homossexual são encontradas em todo o reino animal. Uma nova revisão feita em 2009 das pesquisas já existentes mostrou que o comportamento homossexual é um fenômeno quase universal no reino animal, comum em várias espécies.

Esse tipo de comportamento sexual é mais registrado em espécies sociais. De acordo com o que disse a geneticista Simon Levay em 1996, "embora o comportamento homossexual seja muito comum no mundo animal, parece ser muito incomum que os animais tenham uma predisposição de longa duração para se engajar em tal comportamento à exclusão das atividades heterossexuais.

Assim, uma orientação homossexual, se é que se pode falar de tal coisa nos animais, parece ser uma raridade." Uma das espécies em que a orientação homossexual exclusiva ocorre, entretanto, é a da ovelha domesticada (Ovis aries). "Cerca de 10% dos carneiros (machos) se recusam a acasalar com fêmeas, mas prontamente se acasalam com outros carneiros do mesmo sexo."

A observação do comportamento homossexual em animais pode ser visto como um argumento a favor e contra a aceitação da homossexualidade em humanos e tem sido usada especialmente contra a alegação de que é um peccatum contra naturam ("pecado contra a natureza").

Por exemplo, a homossexualidade em animais foi citada na decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos no julgamento Lawrence versus Texas, que derrubou as leis contra a sodomia de 14 estados daquele país.

Aplicação do termo homossexual a animais

O termo homossexual foi cunhado por Karl-Maria Kertbeny em 1868 para descrever atração sexual pelo mesmo sexo e o comportamento sexual em humanos. O uso do termo em estudos em animais tem sido controverso por duas razões principais: a sexualidade animal e os seus fatores motivadores foram e continuam sendo mal-entendidos e o termo tem fortes implicações culturais na sociedade ocidental que são irrelevantes para outras espécies não-humanas.

Sendo assim, ao comportamento homossexual foi dado vários termos ao longo dos anos. Ao descrever os animais, a palavra homossexual é preferível em relação a termos como gays, lésbicas e outros em uso atualmente, já que estes são ainda mais vistos como ligados à homossexualidade humana.

A preferência e motivação animal é sempre inferida a partir do comportamento. Em animais selvagens, os pesquisadores não podem estabelecer uma regra capaz de mapear toda a vida de um indivíduo e deve-se inferir a partir da frequência de observações individuais de comportamento.

O uso correto do termo homossexual é quando um animal apresenta comportamento homossexual; no entanto, este artigo está em conformidade com o uso feito pela pesquisa moderna a aplicação do termo homossexualidade para todo o comportamento sexual (cópula, estimulação genital, jogos de acasalamento e comportamento de exibição sexual) entre animais do mesmo sexo.

Na maioria dos casos, presume-se que o comportamento homossexual não é senão parte do repertório comportamental sexual geral dos animais, fazendo com que o termo "bissexual" seja melhor aplicado em vez de "homossexual", de acordo como essas palavras são comumente compreendidas em seres humanos. No entanto, casos de preferência homossexual e pares homossexuais exclusivos também são registrados no reino animal.

Pesquisas

A presença de comportamento homossexual não foi "oficialmente" observada em larga escala em animais até tempos recentes, possivelmente devido ao viés do observador causado por atitudes sociais em relação a esse tipo de comportamento sexual, confusão inocente, ou mesmo de um medo de "ser ridicularizado por seus colegas".

O biólogo Janet Mann, da Universidade de Georgetown, diz: "Os cientistas que estudam o tema são frequentemente acusados de tentar encaminhar uma agenda e seu trabalho pode ficar sob maior escrutínio do que o de seus colegas que estudam outros temas."

Eles também notaram que "nem todo ato sexual tem uma função reprodutiva ... isso é verdade para os seres humanos e não-humanos." Isso parece ser difundido entre as aves e os mamíferos sociais, particularmente os mamíferos marinhos e os primatas.

A verdadeira extensão da homossexualidade em animais não é totalmente conhecida. Enquanto estudos têm demonstrado o comportamento homossexual em várias espécies, Petter Bøckman, o assessor científico da exposição Against Nature em 2007, especulou que a verdadeira extensão do fenômeno pode ser muito maior do que é até então reconhecida:

Não foi encontrada nenhuma espécie em que o comportamento homossexual não se demonstrou existente, com exceção de espécies que nunca fazem sexo, tais como ouriços e aphis. Além disso, uma parte do reino animal é hermafrodita, realmente bissexual. Para eles, a homossexualidade não é um problema.

Um exemplo de comportamento homossexual em animais é notado por Bruce Bagemihl, quando ele descreveu as girafas durante o acasalamento, quando nove em cada dez pares ocorrem entre machos.

Todo momento que um macho cheirou uma fêmea foi relatado como sexo, enquanto o sexo anal com orgasmo entre machos foi apenas relatado como dominação, concorrência ou forma de cumprimento.

Alguns pesquisadores acreditam que esse comportamento tem sua origem na organização social do sexo masculino e na dominância social, semelhante aos traços de dominância mostrados na sexualidade. Outros, particularmente Joan Roughgarden, Bruce Bagemihl, Thierry Lode e Paul Vasey sugerem que a função social do sexo (seja homossexual ou heterossexual) não está necessariamente ligada à dominação, mas serve para fortalecer as alianças e laços sociais dentro de um rebanho.

Outros argumentaram que a teoria da organização social é inadequada porque não pode explicar alguns comportamentos homossexuais, por exemplo, de espécies de pinguins, onde indivíduos do mesmo sexo são companheiros por toda a vida e recusam-se a formar um par com as fêmeas quando surge essa oportunidade.

Enquanto pesquisas em muitos cenários de acasalamento ainda sejam apenas anedóticas, um corpo crescente de trabalhos científicos confirma que a homossexualidade permanente ocorre não só em espécies com ligações permanentes entre pares, mas também em espécies não-monogâmicas, como as ovelhas.

Abaixo, uma citação de um relatório sobre as ovelhas:

Aproximadamente 8% dos carneiros exibem preferências sexuais [isto é, mesmo quando recebem uma oportunidade de escolha] por parceiros do sexo masculino (carneiros machos) em contraste com a maioria carneiros, que preferem parceiros do sexo feminino (fêmeas).

Nós identificamos um grupo de células dentro da área pré-óptica média do hipotálamo anterior de ovelhas adultas da mesma idade que era significativamente maior em carneiros adultos do que em ovelhas.

Na verdade, indivíduos aparentemente homossexuais são conhecidos em todas as espécies domésticas tradicionais, de ovelhas, gados, cavalos e gatos, até cães e periquitos.

A fim de relatar o comportamento homossexual nos outros animais, o Museu de História Natural de Oslo, na Noruega, apresentou em 2006 a primeira exposição dedicada a "animais gays", que foi chamada de "Against Nature?", exibindo cerca de 500 espécies que existem relatos de comportamento homossexual de um universo de 1.500 relatos, desde mamíferos e insetos até crustáceos.

Nos pássaros australianos Galahs (Roseate Cockatoo), por exemplo, cerca de 44% dos pares são formados por indivíduos do mesmo sexo. Além desses, há registros bem mais antigos, como os de Aristóteles, que fez menção a hienas lésbicas.

Em entrevista à Revista da Folha, o coordenador da mostra, Geir Söli, disse que "a ideia surgiu depois de analisarmos o livro do biólogo Bruce Bagemihl, 'Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity', no qual ele descreve cientificamente a homossexualidade de muitas espécies animais. Acreditamos que essa seja uma forma de contribuir socialmente para a discussão de um tema que ainda causa tanta polêmica".

Um estudo publicado pelo periódico "Trends in Ecology and Evolution" concluiu a importância do comportamento homossexual para a evolução de muitas espécies animais, como entre as fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí, que se unem a outras fêmeas para criar os filhotes, especialmente na escassez de machos, tendo mais sucesso que as fêmeas solteiras. O estudo conclui que a homossexualidade ajudou as espécies de diferentes maneiras ao longo da evolução.

Base genética e fisiológica

Pesquisadores descobriram que a desativação do gene FucM (fucose mutarotase) em ratos de laboratório - o que influencia os níveis de estrogênio a que o cérebro é exposto - fez com que os camundongos fêmeas se comportassem como se tivessem crescido com o sexo masculino.

"O rato mutante feminino foi submetido a um programa de desenvolvimento ligeiramente alterado no cérebro para se parecer com o cérebro masculino em termos de preferência sexual", disse o professor Chankyu Park do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia Avançada em Daejeon, Coreia do Sul, que liderou a pesquisa.

Suas descobertas mais recentes foram publicadas na revista científica BMC Genetics em 7 de julho de 2010. Em março de 2011, uma pesquisa mostrou que a serotonina está envolvida no mecanismo de orientação sexual de ratos.



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